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Frio na Piscicultura - O que fazer para não tomar prejuízo? 

MEDIDAS PARA EVITAR MORTALIDADE DE PEIXES DURANTE ÉPOCAS DE FRIO

   
    Inverno e temperaturas baixas.
    Peixes morrendo... não se alimentam... Peixes doentes...
    Darei algumas explicações sobre esses acontecimentos e estarei propondo ações que realizo em minha piscicultura e de meus clientes para evitar prejuízos em nossos cultivos durante períodos críticos.

   

    Vamos descrever aqui a forma mais vantajosa de ter bons resultados na criação de peixes mesmo em épocas de baixas temperaturas. A forma mais barata e mais eficaz: PREVENIR.

   

    Meu amigo, caso esteja em pânico devido a morte de seus peixes NESTE EXATO MOMENTO, entre em contato conosco. É possível remediar situações de maneira eficaz, porém com análises de necropsia e microscopia realizadas presencialmente. Os tratamentos são inúmeros e impossíveis de serem passados em forma de “receita de bolo”, pois envolvem diversos fatores particulares de cada propriedade, parâmetros de água e diversos agentes infecciosos.

RELAÇÃO DO ORGANISMO DOS PEIXES COM A TEMPERATURA DA ÁGUA

     Os peixes são classificados como animais de sangue frio. Pecilotérmicos. Isso significa que a temperatura do seu corpo varia de acordo com a temperatura do meio, diferindo de nós mamíferos que conseguimos manter a temperatura de nosso corpo constante independente da temperatura do meio.
     Por isso na piscicultura conseguimos maior rentabilidade quando comparada à maioria das outras atividades pecuárias. O peixe não gasta energia na manutenção da temperatura corporal, direciona essa energia para ganhar em peso, enquanto mamíferos por exemplo, perdem energia para manutenção da temperatura corporal.
     A desvantagem, é que os peixes diminuem ou até cessam seu metabolismo e hábito alimentar em decorrência de temperaturas mais baixas e consequentemente se desenvolvem menos nesses períodos.

     “Os limites da tolerância térmica dos peixes não são valores fixos, pois, quando expostos próximos às temperaturas letais eles frequentemente adquirem certo grau de adaptação. Graças a essa adaptação a temperatura que anteriormente seria letal ao peixe passa a ser tolerada por ele. Isso é o que chamamos de aclimatização” (Extraído do livro – Fisiologia de Peixes Aplicada à Piscicultura – Bernardo Baldisserotto).

     Em conclusão, para que a temperatura seja letal, ela deve variar de maneira acentuada, em curto período.

AS BAIXAS TEMPERATURAS NÃO ATUAM ISOLADAMENTE PARA A MORTALIDADE DOS PEIXES

 

     Pela nossa experiência em atendimentos envolvendo diversos sistemas produtivos - principalmente no sudeste brasileiro, onde as estações são bem definidas (inverno frio e seco, verão quente e úmido), sabemos que o frio não é responsável direto pela mortalidade acentuada no inverno. Ele gera estresse nos animais (em épocas de frentes frias intensas com mudanças repentinas de temperatura envolvendo variação de 10ºC ou mais em períodos de aproximadamente 24 horas) que combinados com outras situações geradoras de estresse (parâmetros de água inadequados, nutrição desbalanceada, manejo recente, além de outras) suprimem a imunidade dos animais causando mortalidade por doenças oportunistas, como bacterioses, parasitoses ou infecções fúngicas. Importante ressaltar que essa descrição é abrangente, com espécies adequadas à região, como a tilápia, não se aplicando a situações pontuais em que produtores povoam tanques de regiões frias com peixes amazônicos como o pirarucu, causando mortalidade direta pelo frio.

     Sabendo-se da inviabilidade econômica de se fazer o aquecimento da água para piscicultura, trabalhamos com aquilo que está ao nosso alcance: fatores estressantes aos peixes que quando somados às baixas temperaturas podem ocasionar prejuízos consideráveis em pisciculturas e pesqueiros. A forma mais vantajosa de se controlar esses fatores é a PREVENÇÃO.

     Abaixo vamos listar algumas medidas eficazes contra os efeitos das baixas temperaturas que devem ser adotadas antes das chegadas das frentes frias.

                  

     1. SUPLEMENTAÇÃO ALIMENTAR DOS PEIXES POR MEIO DE ADITIVOS NA RAÇÃO.

     As rações comerciais dos peixes são, em teoria, alimentos completos. Porém, devido à concorrência natural entre as empresas, com frequência são utilizados ingredientes de menor custo e menor qualidade para que estas consigam competir em preços mais baixos. Muitas vezes ingredientes considerados essenciais e importantes à imunidade dos peixes são colocados em doses mínimas, como exemplo da vitamina C.

     Por isso aproximadamente 30 dias antes do inverno podemos inocular na ração: pré e probióticos, complexos vitamínicos, fitoterápicos como o alho, por exemplo. São diversos experimentos comprovando a eficácia desses compostos inoculados na ração em relação ao aumento da imunidade e consequente queda em índices de mortalidade e até maior ganho de peso.

     Sabendo que opções de ração mais utilizadas - geralmente as linhas mais baratas - não são suficientes para garantir a sobrevivência e bom desempenho dos peixes durante o inverno, ainda pior é quem não alimenta adequadamente a criação antes e durante períodos críticos. O prejuízo é certo. Cito isso pois nos últimos dias durante esse inverno prestei atendimento a pesqueiros que não alimentavam os peixes e estavam tendo problemas com mortalidade. “Ração custa caro”; “Não tenho tempo de jogar ração para os peixes”; “os pescadores reclamam” ... são exemplos de argumentos que eu escutava dos pelos donos desses pesqueiros, enquanto presenciava exemplares de tambacus acima dos 20Kg sendo levados aos urubus.

     2. QUALIDADE DE ÁGUA

     De maneira geral, qualquer parâmetro de água pertinente à piscicultura que esteja fora dos padrões aceitáveis, sob incidência prolongada, causa prejuízos à atividade. Seja de forma mais perceptível como mortalidades severas, ou mais amena, desencadeando pior conversão alimentar, redução de apetite, maior duração de ciclo produtivo, etc.

     Nossa sugestão é que você se aprofunde no conhecimento desses parâmetros para garantir o bem-estar da sua produção ou contrate profissional que possua essa faculdade. É necessário que se mantenha esses índices adequados para obtenção de bons resultados na atividade. Em especial na época do frio, em que já ocorrerá estresse animal gerado pelas baixas temperaturas, é essencial não permitirmos que um segundo fator estressante aos peixes possibilite causar maiores prejuízos.

     A água do viveiro com maior concentração de fitoplâncton (esverdeada), garante maior retenção de temperatura quando comparada à água transparente. Com adubação correta e níveis de alcalinidade adequados conseguimos manter esse padrão. Amônia, oxigênio, nitrito, condutividade elétrica são outros índices que, se mantidos dentro de limites ideais garantem o bem estar animal.

     3. APLICAÇÃO DE SAL – EM DOSES TERAPÊUTICAS E CONSTANTES

     O sal – NaCl – é um dos compostos mais versáteis na piscicultura. Dentre outras vantagens, pode controlar/inibir diversas infecções e alivia o gasto energético dos peixes para manter o equilíbrio osmótico entre corpo e meio – água. Visando amenizar o estresse que será causado pelas baixas temperaturas aplicamos sal em doses menores e constantes durante o período. As doses devem ser calculadas por especialistas. Caso precise de ajuda, entre em contato conosco que estamos à disposição para atendê-lo.

 

     4. ESCOLHA DA ESPÉCIE ADEQUADA

     Em trabalhos à campo, atendendo pisciculturas ou pesqueiros principalmente no sudeste brasileiro, quando em situações de mortalidade em espécies como pirarucus, tambaquis, por exemplo, já sabemos que o desafio é grande. Esses peixes amazônicos não são adaptados ao frio da região e sofrem mais do que peixes como a tilápia por exemplo. Algumas espécies podem ser substituídas: ao invés do tambaqui, optamos pelos tambacus, pois, por ser um híbrido (Pacu + Tambaqui), o peixe possui em seu código genético características de resistência ao frio devido ao pacu ser proveniente da Bacia do Prata - região de menor temperatura média.

     5. ALIMENTOS ALTERNATIVOS

     Em especial os peixes redondos, que durante épocas frias diminuem ou até interrompem o hábito de buscar ração na superfície, podemos tratá-los com alimentos que afundam, como o milho grão por exemplo. Isso faz com que o peixe mesmo comendo menos continue nutrido, diminuindo a chance de apresentar imunidade reprimida.

     Detalhes importantes:

     - Alimentos alternativos são menos estáveis na água, e apresentam menor digestibilidade. Portanto devemos utilizá-los com moderação para evitarmos problemas com qualidade de água.

     - O milho grão só deve ser fornecido se deixado de molho de 24 a 48 horas, para que não ocorra fermentação no trato digestivo do animal.   

     - Para que não ocorra acumulação destes alimentos na água, é necessário assegurar-se de que todo alimento fornecido está sendo consumido.

 

                   

     6. RAÇÃO ADEQUADA À ESTAÇÃO

     Muitos não sabem, mas existem diferentes tipos de ração para peixes adequados à cada estação do ano. Os vendedores muitas vezes despreparados para prestar assistência na área de piscicultura, trabalhando com os mais variados tipos de animais, focam apenas em preço. O piscicultor desinformado também procura sempre a ração mais barata. Porém o que faz o sucesso da atividade é o resultado e não o preço. Uma ração mais cara pode ser mais vantajosa quando diminui o tempo de cultivo, melhora a conversão alimentar e aumenta a imunidade.

     Em minha piscicultura, durante o inverno, os peixes alimentam-se de uma ração 30% mais cara que a linha mais vendida – a mais barata. Ontem veio a terceira geada do ano e até então não tivemos problema com mortalidade. Mesmo comendo menos, o peixe apresenta melhor desempenho, pois com ração mais concentrada é atendida sua demanda por proteína, energia digestível, vitaminas e outros nutrientes. No final o investimento compensa, pois com maior sobrevivência e o lote comercializado de maneira antecipada conseguimos aumentar o nosso lucro.

     7. MANEJAR O PEIXE EM ÉPOCAS APROPRIADAS

     Programe-se para manejar o peixe em épocas quentes. Qualquer manejo – despesca, repicagem, classificação etc. – já é estressante. Quando somado a baixas temperaturas estaremos favorecendo o desenvolvimento de doenças de água fria como a columnariose por exemplo.

     Em cliente que atendemos em Monte Sião - MG sua estratégia é engordar tilápias de setembro a março. Em abril toda sua produção já foi comercializada e os tanques repousam no inverno.

     Em minha piscicultura em Itupeva – SP, os tanques estão povoados, porém todo o manejo - despesca, classificação e repicagem - cessou em maio e só retorna em setembro.

     Em caso de manejo obrigatório (Exemplo: pesqueiros que adquirem peixes semanalmente), procure trabalhar com espécies mais tolerantes ao frio. Ainda assim, redobre os cuidados: utilize menor densidade nas caixas de transporte, menor quantidade de indivíduos no passaguá ou sacola de despesca. Peixes redondos costumam ser os mais problemáticos.

     Pesqueiros esportivos, podem cessar suas atividades durante o período ou dispor de um fiscal de beira de tanque – auxiliando os pescadores para manuseio adequado dos peixes e deixando-os o menor tempo possível fora d’água.

     8. DESLIGUAR OS AERADORES DURANTE A MADRUGADA

     Os aeradores auxiliam na queda de temperatura da água quando ligados durante as horas mais frias. Ao invés de ligá-los durante a madrugada, trabalhamos durante as horas mais quentes do dia para que estes auxiliem no aquecimento da água. Geralmente em épocas de temperaturas baixas o oxigênio fica mais retido na água e os peixes naturalmente possuem menor demanda por estarem em metabolismo desacelerado e se alimentarem menos. Com isso podemos desligar os aeradores durante a noite.

               CUIDADO! Analise seu oxigênio logo pela manhã, pois dependendo da concentração de fitoplâncton e densidade de estocagem do seu viveiro você poderá ter grandes perdas por asfixia.

     9. FAÇA ANÁLISE DA ENTRADA DE ÁGUA DE SEU VIVEIRO

               A água que alimenta sua piscicultura pode estar em temperatura mais baixa do que a temperatura dos viveiros. Caso isso aconteça, diminua a entrada de água para não contribuir para o aumento do estresse animal devido a baixas temperaturas nos tanques de cultivo.  

    A combinação dessas medidas citadas acima fará com que você dificilmente tenha problemas com sua piscicultura ou pesqueiro durante o frio. Caso não tenha mais tempo de prevenir, entre em contato conosco para auxiliarmos em tratamento remediativo.

 

Caso esteja começando agora no segmento, ou queira expandir sua produção, estamos à disposição para ajudá-lo a ter sucesso na atividade.

O caminho mais rápido para o sucesso em qualquer atividade agropecuária é: tenha um bom consultor do seu lado. Um que possua experiência prática aliada à teoria. Que evita o processo adaptativo de “tentativa e erro” pois erros custam caro e sabemos que uma série de detalhes conectados fazem o sucesso da sua produção. Alguém com a clarividência desses detalhes diminui o seu risco e te coloca mais perto do sucesso. Ter ao lado um bom assistente técnico que te auxilie nas melhores tomadas de decisão é um investimento que se paga rapidamente.    

João Leonardo E. Violante - Eng. Agrônomo - Especializado em piscicultura

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